segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Huis Clos - Maria Bonita Extra - Ronaldo Fraga - V.Rom - Reserva - SPFW Inverno 2011

Posted by It is moda On 17:27

        Huis Clos
De volta às passarelas, Sara Kawasaki mostra com mais força do que nunca sua mão própria na Huis Clos. Depois de um inverno austero e um verão (que não foi desfilado) de modelagem amplíssima, a a estilista volta a trazer a roupa para junto do corpo, em um dos desfiles mais frescos e concisos deste SPFW.
Sara aplica um viés esportivo em uma coleção sóbria mas sexy, de mix de tecidos nobres e imagem forte, à la batmoça do século 21. Os tons são escuros: pretos, cinzas e marinhos, mais um verde mui discreto ao final. 
Os vestidos e tops têm ombro deslocado e grandes mangas, escondendo os braços sob náilon ou mostrando nas transparências das gazes, rendas e sedas. Aqui e ali, camadas de pêlo sintético fazem detalhes. 
As calças - guardadas no armário junto das hotpants cinza mescla - guiam o olhar. Começam como alfaiataria, com pregas na cintura e, depois de recortes e ângulos, acabam esportivas com meias 7/8 de tricô canelado costuradas, justas à canela. 
Mas é o mix de materiais orquestrado pelo rigor técnico de Sara que dá graça maior à coleção. Rendas recortadas aplicadas a sedas, com ângulos maiores de lã mais pesada, e por aí vai. No final, com as entradas mais noturnos/soturnos, entram os brilhos da malha lama, do jacquard em xadrez cobertos por tufos prateados. 
Uma coleção acertada, feita com identidade forte, sem o menor excesso de passarela. E que consegue atender ao guarda-roupa inteiro da cliente, do dia ao festão noturno. Um belo retorno da marca, em franco processo de renovação, ao SPFW.
























     Maria Bonita Extra
Nada mais bonitinho do que as roupas que as bailarinas (de qualquer tipo de dança) usam em seus ensaios. As polainas para manter os tornozelos aquecidos, os cache-coeur para impedir que transpirem e se resfriem, os leggings ou calças de malha para proteger os músculos da perna de choques térmicos, as sapatilhas com seus laçarotes. Esse universo delicado motivou a coleção da Maria Bonita Extra. 
Uma coleção jovem, feita de peças misturadas de rendas, tules, moletons, seda e lãs angorá em cores suaves e bem escolhidas como os lilás, rosas, cinza claro, camelo. Sobreposições fizeram muitas entradas na passarela, como fazem normalmente no cotidiano das bailarinas em seus exaustivos ensaios.
Ana Magalhães deve ter sido uma delas ,ou então deve ter passado muitas horas observando as alunas de dança trabalharem, pois fez uma coleção muito próxima do mundo da dança e muito bonita de ser vista.
















       Ronaldo Fraga
Primeiro, na Maria Bonita, logo em seguida em Ronaldo Fraga. O artista Athos Bulcão foi o homenageado do dia na Bienal. Se na primeira ele veio sutil e discreto, em pequenos recortes, a pesquisa do estilista mineiro mergulhou fundo não apenas dos azulejos de Brasília ou colaborações para Niemeyer com que Athos Bulcão ficou mais conhecido...

Assim, o modernismo de seu traço apareceu em estampas e recortes das roupas, tirados de pinturas, máscaras, gravuras e fotomontagens. Que belo resultado. Foi uma das coleções mais elegantes de Ronaldo, distante da figura senhoril, sisuda e carola que costuma desenhar. E se a geometria de suas referências ficou reservada às ilustrações, a silhueta veio alongada e fluida, em calças molengas, golas soltonas e o toque suave dos tecidos, como seda e tule.

O vestido com fitas marcadas por números e cores, como uma cartela Pantone, imprime o humor de Ronaldo que o público tanto adora, assim como os figurativos desenhos da estamparia, ou as peças construídas com placas de metal. Porém, mais contemporâneas são as transparências do final, as impressões de planta baixa, os bordados de paetês e costuras que formam florais.

Há roupas divertidas, caso você goste desta faceta de Ronaldo Fraga. Mas foi bom ver um novo olhar sobre o que já é notoriamente de seu repertório.





















         V.Rom
Igor de Barros continua a trilhar um caminho mais comercial para a sua V.Rom, tão acostumada a caminhadas conceituais na passarela. Fato 1: o que está ali deve ir para a loja final, fato raro na seara do SPFW. Fato 2: o desfile perde o impacto das desconstruções primorosas que saiam da cabeça do estilista.
A inspiração para este inverno é o tempo, e um poema  de Dalai Lama sobre "viajantes que devem encontrar a felicidade em algum lugar" etc. Pois estes viajantes (aqui encarnados por figuras como Marcelo Rosembaun, fotógrafos e modelos mais maduros) devem encontrar a felicidade fácil, nalgum brechó - ou em roupas com cara e tratamento de brechó, como estas.
Igor leva o sportswear comercial da V.Rom para lados largos e confortáveis, com sarja reconstruída para que ganhe textura mais amiga, náilon em modelagem larga, moletons detonados e algodão leve. 
As camisas levam estamparia vintage. Eles ganham também trenchs confortáveis, casacos com golas dégagé, bermudas cargo ou com sobressaias plissadas na cobertura. No final de tudo, um bom verde militar sujo, com dip dye preto. Melhor parte: as calças acenouradas, com modelagem justa para baixo do joelho. 
Nada revolucionário ou escandalosamente interessante, como em outras eras da marca. Mas devem fazer bonito na hora de aparecer ao lado dos sneakers da Rainha, que aparentemente é o que faz sucesso nas araras das multimarcas.














               Reserva 

Embalada no SPFW pela batida rock'n'roll de Lobão (ao vivo) em "Decadence avec Elegance", a Reserva aposta para o inverno 2011 numa irreverência sutil para tirar a pose do mauricinho preppy, com uma imagem atual e focada num homem de espírito jovem.
A alfaiataria é o mais bacana, com detalhes de pregas, ganchos de calças deslocados, mix de materiais inesperados num mesmo costume, como lã tradicional de blazers combinados a tricô em pontos mais rústicos, além de camisas com golas de perfume mais clássico, porém crescidos, e peitilhos de pólos levemente “entortados”.
Este homem com look pensado também tem um pé na elegância e outro na contemporaneidade, investindo em leggings de tricôs com estampas de “mofo” de efeito 3D e maxi-casacos, ao lado de costumes em xadrez flanelado ou com estampas de pequenas mosquinhas. Nos materiais, muita lã, denim, veludo e tricoline. Já na cartela de cores, verde-musgo, caqui, vinho, cinza e preto.

<Em breve fotos>

Fontes : Glória Kalil e GNT
Postado por: @oivivs